quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sobre Famosos & Únicos

Caio Júlio César - o primeiro JC - é, sem dúvida, meu personagem histórico preferido. Antes por termos nascido no mesmo dia (embora alguns historiadores atestem que ele nasceu em 13 de julho) que por seu poderio bélico, suas conquistas sexuais e por ter sido inferior - em termos políticos - apenas a Alexandre Magno, o tal Grande. Falando em nascimento, a importância cultural deste JC sobre o ocidente é tremenda: ao dar a luz, sua mãe, Aurélia, teve o primeiro parto cesariano, coisa corriqueira 2100 anos depois. Além disso, a vaidade dele faz-nos contar os meses da maneira como contamos. E, por fim, graças às suas expansões territoriais, tantos países têm línguas de origem latina.

Convencionaremos daqui por diante chamá-lo apenas "JC1".

Jesus Cristo - o JC2 (não por importância, mas por ordem de chegada à Terra) - é, talvez, meu outro personagem histórico preferido. Nascemos em dias diferentes, mas todo ano, em 25 de dezembro, ganho regalos na conta de seu aniversário, assim como ocorre com o primeiro. Cem exatos anos distam do nascimento de um e de outro. As coincidências? JC1 dizia ser descendente direto de uma deusa. JC2 foi mais longe, dizia ser filho direto de Deus, com d maiúsculo, O Deus, e não uma deusa entre tantas outras que reinavam no Olimpo.

Ambos arrebanharam multidões e foram, aos olhos do povo de seu tempo, "pais dos pobres". JC1 e JC2, post-mortem, foram elevados à condição de deuses. Um por seu herdeiro político, Otávio Augusto, outro pela mais direta democracia: o gosto popular. Ambos foram traídos e morreram covardemente assassinados. Um apunhalado, outro crucificado. Ambos teriam proferido frases espetaculares de surpresa e dúvida quando próximos à morte: "Até tu, Brutus?" e "Pai, Pai, Por quê me abandonaste?". Cidadãos romanos mataram a ambos. Um em março de 44 a.C. Outro em abril de 33 d.C. Setenta e sete anos de diferença entre as mortes. Haja cabala.

A combinância?

JC1 é um Robaina Unicos, imbatível, arrogante, invasivo, 16cm de tabaco. JC2 é um Robaina Famosos, 13cm, doce, forte, gregário, para ter consigo todo dia. A diferença de vitolario não deve equivaler à importância de um e de outro durante sua existência terrena.

Agora dei conta que tenho na parede de meu escritório bustos decalcados de diversos ídolos. O primeiro JC está. O segundo, não.

Mas na hora do aperto, não tenham dúvidas que como bom católico-ocidental-terceiro-mundista, apelo ao ausente.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Hermanos & Películas

Acabo de baixar a série, minisserie (maldito "Acordo Ortográfico") ou seriado argentino "Epitafios". Assisti alguns minutos, mais para verificar a qualidade do RMVB que para tomar parte da trama em si. O que pude notar é que como tudo que envolve luz, câmera e ação na terra de Mitre, Rivadavia e Maradona (libertador, primeiro presidente e deus, respectivamente nas terras de lá), trata-se de uma obra construída sobre roteiro forte. Os diálogos são firmes e concisos e, ao contrário da máxima, valem mais que as imagens. Imagens aliás representadas por enquadramentos simples, sem efeitos especiais ou traquitanas tecnológicas. É texto e direção de atores. Comparado a um charuto, o cinema argentino seria um Partagas D4: simples, direto, forte, terroso, visceral e não exatamente com a preocupação em cheirar bem.

Mais tarde verei como é a combinância entre os dois.

Outro download realizado (vantagens do VIRTUA 12mb) é "W.", filme de Oliver Stone sobre George Walker Bush, ex-presidente americano. Para dar a prévia: Stone é democrata ferrenho e capitaneou, em conjunto com Sean Penn (vale a pena dar uma olhada em "Milk", se você não for homofóbico), diversos comícios anti-Bush durante a última campanha presidencial nos EUA. Dizem que Bush é retratado exatamente como o imaginamos: um imbecil incapaz de tomar decisões, ainda mais decisões corretas.
Sendo assim, se o cinema argentino é um Partagas D4, o pinguço Baby Bush não passa, com sorte, de um Dona Flor: sem gosto, sem cheiro, repugnante.

Fidel Castro? Um Cohiba. Rodeado de lendas - quase nenhuma verdadeira - , bem construído, simpático, mas caro demais frente ao prazer que proporciona. E ambos usam a "roupa invisível do rei": ninguém a vê e tampouco tem coragem de assumir que não existe.

E Lula? Bem, o companheiro Luís Inácio vou deixar para outro post, de combinâncias entre charutos e políticos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Aperture

O gerentesommelier nasce de uma piada e um de um gosto.
A piada tem origem no cartão de visitas que recebi de um gerente, que também é sommelier e ainda epicure sommelier.
Não bastasse ser tudo isso no mundo dos prazeres orais, nosso personagem também afia cortador e furador de charutos graças à sua experiência pregressa como metalúrgico no grande ABC.
Impossível não suscitar o questionamento: teria ele – vestindo uma camisa do Flamengo sob o macacão da Volkswagen – dado umas baforadas nuns puros com Luís Inácio antes dos 300 picaretas? Os puros, obviamente, teriam sido trazidos como muamba ou por Frei Betto ou por Chico Buarque em sua viagem de apoio a Cuba ou ainda pelo , o querido Companheiro Daniel, antes das cirurgias plásticas. Revelo pois o gosto: os tais puros, os famosos charutinhos.

Isto posto, digo que este blog se destinará a prestar um serviço comparável ao da TV Cultura: informação de qualidade e procedência, mas que ninguém quer saber. Aqui listarei comidas boas que comi, bebidas boas que bebi, músicas boas que ouvi e charutos bons que fumei, perfazendo assim a tão afamada harmonização, palavra batida, que preferirei substituir por um neologismo que me remete aos tempos imberbes: em detrimento a “harmonização”, convenciona-se desde já, a utilização do termo “combinância”.

Começo, desta forma, com uma combinância realizada hoje, 27/04/2009: boa, bonita e barata.

1.) Parmegiana com arroz e fritas
2.) Chope Brahma Black

Já em casa, o arremate até 1 da manhã:

3.) Concha y Toro Reservado
4.) Hoyo de Monterrey Palmas Extras
5.) Caetano Veloso, “Zii e Zie”, recém-lançado

Vamos aos preços e notas:

Parmegiana com arroz e fritas: razoável, o filé mignon parmegiana é bem melhor. R$ 13,90

Brahma Black: sempre o campeão dos chopes. Cremoso. Perfeito. R$ 5,50

Concha y Toro Reservado: pouco entendo sobre vinhos (razão pela qual não sou epicure sommelier, nem gerente sommelier), mas não gostei. Fraco e um pouco aguado. Com pouco dinheiro no bolso, se paga pelos R$ 19,90.

Hoyo de Monterrey Palmas Extras: bom, como sempre, embora estivesse com um fluxo péssimo, ou eu que desacostumei a fumar charuto pequeno. R$ 17,00.

Caetano Veloso, “Zii e Zie”: felizmente não paguei por isso. Apenas uma música se salva, “Sem Cais”. Os pontos mais deprimentes estão na homenagem ao João Luís Woenderbag, a.k.a Lobão, em “Lobão tem razão”. Rimar "lobão", com "razão", "sincerão" e "irmão" é sacanagem para um cara que já fez tanta coisa boa como o Caetano. E sacanagem até com o Lobão, que recebeu a honraria. Preguiça mental. Chuta que é macumba. E macumba baiana “do axé do afoxé filhos de Ghandi”.